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Jovens movimentam economia de comunidades do Recife através do Brega

Foto do escritor: Escrito por Gabriel PachecoEscrito por Gabriel Pacheco

A necessidade de dar voz às periferias ainda existe e é gritante. O empoderamento que hoje tanto é discutido se faz necessário para as comunidades. "Podemos pensar o empoderamento em vários aspectos. O principal deles é a valorização das periferias. Quando movimentos aparecem, pessoas que são artistas e não tem oportunidade na grande mídia começam a produzir ou mostrar que sabem produzir conteúdos e a partir daí ganhar visibilidade", afirma o sociólogo Nadilson Silva.


Atualmente existe mais uma crescente mobilização cultural nas comunidades, organizadas por seus próprios moradores, a maioria jovens­. Uma dessas formas de manifestação cultural são as festas organizadas por 'Bondes', ​que nas favelas cariocas ficaram conhecidos pelos "enfrentamentos" entre uma favela e outra, em bailes organizados também pelos próprios moradores. As músicas tocadas nesses bailes do Rio de Janeiro pediam por mudanças sociais, mostrando o cotidiano de desigualdade e sofrimento das comunidades pobres da "cidade maravilhosa", o que diferencia das festas dos Bondes - ou equipes - que são realizados atualmente no bairro de Água fria, zona norte do Recife.


Assista a entrevista na íntegra:

As músicas do "novo” movimento brega, que são a “trilha sonora” de suas festas, não tem mais nas letras o sofrimento da comunidade, mas sim a necessidade de ter o que pra eles são impostos pela sociedade e mostrado pela grande mídia como uma necessidade. Ou seja, a ostentação de mulheres, roupas de marca e principalmente o dinheiro são as bases para as letras dos bregas da periferia de hoje. Essas festas chegam a virar um dos assuntos mais comentados pelos moradores das comunidades do Recife.


Jeferson Ramos, integrante do 'Nosso Bonde é Rico', diz que a ideia era realizar festas de forma open bar na comunidade, onde os moradores tivessem um lugar para curtir. "A coisa foi ficando séria e até hoje estamos na luta", afirmou. Um dos eventos organizados pelo 'NBR' atraiu mais de 2 mil pessoas no bairro. Com ingressos variando entre 5 e 20 reais, Jeferson nos diz que junto com a equipe de organizadores já investiu em uma só festa um total de 40 mil reais. Mais de 100 pessoas se envolvem na organização de cada evento, desde os 'cabeças' até as promotoras dessa manifestação cultural. Já em outro evento, realizado pela equipe 'CTP' (sigla do bonde que começou com todo esse movimento nas periferias da ZN), se envolveram mais de 150 pessoas entre organizadores e promotoras (meninas responsáveis pela divulgação dos shows de sua equipe. Elas usam ostensivamente a internet, principalmente as redes sociais, como ferramenta principal de divulgação). Só nessa festa, realizada no Clube Português do Recife, foram mais de 10 mil ingressos vendidos, segundo informações.


'Tijolada', 'Bacteriagem', 'Nosso Bonde é Rico', 'Equipe Moral', 'Barca Chop', 'CTP', 'VNC', 'AST', 'PSF' e GGT. Esses são alguns dos bondes atuantes no bairro de Água Fria. Esses grupos são responsáveis, direta e indiretamente, pelo sustento dos envolvidos na produção, para os artistas contratados e para os comerciantes, moradores da comunidade. "O brega é muito importante para alegrar a comunidade, é um ritmo que invadiu Pernambuco em peso", exclama Jeferson Ramos.


É importante salientar que uma parcela da nossa sociedade insiste em tentar deslegitimar a força que tem o movimento brega nas comunidades. Esquecem da importância desse movimento como manifestação cultural para as pessoas que são tidas como marginais (à margem da sociedade). "Muitas pessoas saem do mercado trabalhista informal através da musica, da produção cultural. Ajudam a mobilizar algumas demandas que não tem nenhuma representação política. Quando não se tem uma forma de se representar politicamente, a cultura é uma forma", finaliza o sociólogo Nadilson Silva.

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